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Deus está conosco! Um Natal sem a presença de Jesus é vazio x1v2q

Créditos foto: Arquivo

Dom Aloisio Alberto Dilli, nosso bispo diocesano, através desta entrevista à Revista Integração, oferece uma preciosa ajuda em nossa caminhada de preparação ao Santo Natal, nesse tempo pandêmico. Fala da mística do seu lema episcopal, da importância do Advento na preparação ao Natal cristão, sobre a Guirlanda na porta das nossas casas como expressão de igreja samaritana, sobre esperanças para 2021. Vale ler, refletir, meditar rezar, viver esta rica reflexão.                    
 Pe Zé Renato Back
1. “Bispo-irmão”, o que você deseja dizer com isto?
Vosso Irmão-bispo saúda a todos com votos de Paz e Bem. São Francisco de Assis nos ajuda a entender essa expressão fraterna. O santo da fraternidade universal não cansava de meditar e viver o Evangelho e nele encontrou Jesus Cristo, um Deus que desce e se faz pequeno, irmão nosso, a fim de salvar-nos e podermos participar da vida divina: “A Palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1, 14). 
Tudo isso não aconteceu em suntuosos palácios de Jerusalém, mas na simplicidade da gruta de Belém (cf. Lc 2, 1-20). Sendo Deus, assumiu nossa condição humana: “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, ... para recebermos a dignidade de filhos” (Gl 4, 4-5). Na visão franciscana, a pequenez de Deus transparece, sobretudo, nos mistérios do nascimento, da cruz e da eucaristia. Por isso, estes três símbolos estão colocados no escudo do vosso bispo, ao redor do livro da Palavra de Deus. 
Essa é a espiritualidade que alimenta o modo de ser e de relacionar-se de vosso Irmão-bispo. Se Deus é assim, os seus ministros também deverão ser servos entre os irmãos/ãs, sem deixar o exercício do seu ministério episcopal. Afirma Santo Agostinho: “Com vocês sou cristão e isso me consola; para vocês sou bispo e isso me atemoriza. O primeiro é uma graça; o segundo um dever” (cf. Sermo 340, 1).

2. Advento: qual o específico deste tempo para nós, cristãos?
O Advento é tempo privilegiado para fazermos uma profunda experiência de pessoas que esperam e se preparam para acolher Alguém, como fala a Igreja: “Tempo de feliz e piedosa expectativa”. Portanto, vivemos a espera e a preparação da vinda do Salvador entre nós: “Deus conosco”. Sua encarnação torna-se o momento alto, que a Escritura chama “plenitude dos tempos” (Gl 4, 4): Deus vem habitar entre nós e torna possível que nossa esperança de vida plena e de eternidade feliz se realize, já iniciando neste mundo. 
Para esta experiência não bastam mesas fartas, enfeites luminosos, presentes generosos e figuras de Papai Noel para todos os lados; ou mesmo algumas preces mágicas pelas redes sociais, mas distantes de uma comprometida vida cristã na comunidade. 
Que Advento e Natal sejam tempos privilegiados para reconstruir a esperança do pós-pandemia, com melhor normalidade, a partir de Deus e junto com os irmãos/ãs.
''As pessoas simples e humildes, normalmente, são aquelas que sabem valorizar mais o espírito da fraternidade, anunciado por Jesus''

3. O Deus dos cristãos é um Deus que se faz pequeno. Qual o desafio que o amor e a simplicidade de Belém nos inspiram?
Num tempo em que usamos tantos superlativos para Deus, escritos ou falados, vamos celebrar um Deus que desce e assume a natureza humana; a Escritura fala que Ele será o Emanuel – Deus conosco (Cf. Is 7, 14; Mt 1, 23), que se faz pequeno, criança impotente, nascendo numa gruta, com Maria e José, em meio a animais e visita de pobres pastores. Como diz o Papa Francisco: “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura” (EG 286). Neste meio, o carpinteiro José aparece como o homem justo e obediente à vontade de Deus, que protege e cuida o Menino e sua Mãe. 
Este nascimento tão simples choca a esperança messiânica reinante em Israel, como escandalizaria também hoje. Isso nos faz refletir sobre a imagem de Deus que alimentamos em nossa vida, em nossas expressões e atitudes religiosas. Como já acenamos acima, o modo de ser de Deus, revelado em Jesus Cristo, nos convida a sermos servos humildes que exclamam: “Somos simples servos, só fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17, 10b). As pessoas simples e humildes, normalmente, são aquelas que sabem valorizar mais o espírito da fraternidade, anunciado por Jesus com estas palavras: “Um só é o vosso Mestre e todos vós sois irmãos” (Mt 23, 8). É o que o Papa Francisco lembra com o título da recente Carta-Encíclica Fratelli Tutti – Todos Irmãos.

4. “Deus está conosco”. O que a Guirlanda nas portas das casas deseja revelar neste Natal">Com esta expectativa, nós desejamos um Feliz e Abençoado Ano Novo! O Senhor esteja conosco, em todo ano de 2021!
Autor: Dom Aloísio Alberto Dilli. Bispo de Santa Cruz do Sul
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