Caros diocesanos. Com a celebração da solenidade de Cristo Rei do Universo e a semana que segue a Igreja concluiu mais um Ano Litúrgico, o qual é definido como a celebração dos principais mistérios (acontecimentos) da história de nossa salvação, no espaço de um ano. No domingo seguinte inicia-se novo Ano da Liturgia da Igreja (Ano Litúrgico), com o 1º Domingo do Advento. Assim começa o chamado Ciclo do Natal. Certamente, já é do nosso conhecimento que o Ano litúrgico é formado por dois ciclos e é completado pelo Tempo Comum. Em 2022 já celebramos o Ciclo da Páscoa, que iniciou com a quaresma, ou pela Semana Santa, tendo seu auge no Tríduo Pascal, com a celebração da morte e ressurreição de Jesus Cristo, e se estendeu pelo Tempo pascal até Pentecostes. Concluído este Ciclo da Páscoa, vivemos o longo Tempo Comum (34 semanas), em que a Igreja celebra seu percurso pela história, atuando o mistério de Cristo, sob a ação do Espírito Santo, e celebrando também o testemunho dos santos e das santas, cuja vida se assemelha à de Cristo.
Para quem acompanha nossas mensagens, certamente já se deu conta que damos espaço especial para os acontecimentos litúrgicos durante o ano. Ao conhecermos o significado das diversas celebrações, certamente poderemos celebrar melhor os seus mistérios em nossa vida. Por isso, antes de iniciarmos o Ciclo litúrgico do Natal, continuamos a refletir sobre o Ano Litúrgico, como um todo, tentando descobrir sua riqueza teológico-litúrgica, como recomenda o Papa Francisco na Carta Apostólica: Desiderio Desideravi (n. 64).
Já afirmamos
que a Igreja procura celebrar, no tempo de um ano, todo mistério da salvação,
desde os tempos que prepararam a vinda de Jesus Cristo até a parusia (fim dos
tempos). O liturgista brasileiro Dom Isnard (+2011) afirma que cada celebração
eucarística contém todo Mistério da salvação, mas que cada dia do Ano Litúrgico
focaliza determinado aspecto deste mistério. Podemos acrescentar que toda
celebração litúrgica atua um determinado aspecto do Mistério da salvação, mas
todos convergem para a Páscoa. Deus se revelou de muitos modos na história, até
que, na plenitude dos tempos, se encarnou
O Mistério pascal envolve toda nossa vida e em todos os dias. Mas durante o Ano Litúrgico há momentos celebrativos cíclicos. Não porque a ação salvadora de Deus seja inconstante, mas porque nós humanos precisamos de momentos mais intensos e significativos e outros mais comuns. Assim vemos que as diversas celebrações durante o Ano Litúrgico fazem memória das ações salvíficas, operadas por Deus através dos tempos, e as atua no momento presente, enquanto aguardamos a manifestação definitiva do Senhor: a liturgia celebra o ontem, o hoje e o amanhã (Hebr 13, 8), num só momento salvífico, em que a comunidade se insere. Deus é fiel em todos os tempos e sua Aliança não falha. Os homens e as mulheres de todos os tempos podem inserir-se nessa marcha irreversível para a plenitude, quando Deus será tudo em todos (1Cor 15, 28).
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul